Quimioterapia é, em linhas gerais, qualquer remédio usado para tratar o câncer. Cada remédio funciona de uma forma e tem os seus efeitos colaterais próprios. Fora isso, mesmo que recebam o mesmo remédio, cada paciente pode ter uma reação diferente. Mesmo assim, existem alguma recomendações que se aplicam a todos os pacientes.
Sempre que um paciente em quimioterapia tiver um sintoma grave, como vômitos que não melhoram com medicamentos, diarreia com sangue ou feridas na boca que dificultam a alimentação, deve procurar ajuda médica.
Uma atenção especial deve ser dada à febre, que é qualquer temperatura superior a 37,8ºC. Pacientes em quimioterapia podem ter infecções graves, como pneumonias, e não sentir nenhum sintoma além da febre. Portanto, mesmo que o paciente esteja se sentindo bem, deve procurar ajuda se apresentar febre.
Durante a seção de quimioterapia, o paciente fica sentado ou deitado enquanto recebe medicações endovenosas. É importante levar um documento de identificação e, quando o centro de oncologia fornece uma caderneta ou carteirinha de quimioterapia, levar este documento.
Como a seção pode levar horas, é recomendado tomar todos os medicamentos habituais, comer uma dieta leve antes do procedimento e levar um lanche nas seções mais longas. Também é recomendado um livro, computador ou outro passatempo.
É recomendado que um acompanhante vá pelo menos na primeira seção de tratamento, pois alguns medicamentos podem causar sono, o que dificulta que o paciente vá embora sozinho. Alguns centros permitem que o acompanhante fique na sala de infusão com o paciente; em outros os acompanhantes devem ficar em uma sala de espera.
A maioria das vezes o paciente em quimioterapia não precisa de quarto ou talheres especiais, não precisa usar máscara e não precisa se afastar dos familiares próximos. Quando isso é necessário, a quimioterapia é feita em regime de internação. Pacientes devem apenas evitar pessoas que estão claramente gripadas, pelo risco de pegarem uma gripe também.
Fora isso, os pacientes devem lembrar de tomar as medicações de acordo com a prescrição médica. Muitas vezes, receitamos comprimidos para tomar em casa por alguns dias após a quimioterapia para prevenir efeitos colaterais.
Nem toda quimioterapia leva à perda completa de cabelo. Quando ela acontece, começa cerca de 3 semanas depois da primeira dose de tratamento e se estende até o fim do tratamento. Depois que o paciente deixa de receber a quimioterapia, os cabelos voltam a crescer e não é incomum crescerem mais crespos do que eram originalmente.
Alguns centros de oncologia possuem aparelhos que previnem a perda de cabelo em até 50% dos casos mas, infelizmente, ainda não são cobertos por convênios ou pelo SUS. Estas são máquinas que resfriam o couro cabeludo, diminuindo a penetração da quimioterapia nesta região. Existem também toucas mais simples que usam gelo ou bolsas de gel, mas a sua eficácia não é comprovada.
Mesmo que o paciente não receba uma quimioterapia que cause perda completa de cabelos, pode ter algum grau de queda. Nestes casos, o uso de tinturas e outros produtos que agridem os cabelos, pode danificar mais os fios e, por isso, deve ser evitado. Se optar por colorir os cabelos, pacientes devem preferir tintas sem amônia ou enxofre.
Algumas quimioterapias podem causar feridas na boca. Como prevenção, recomenda-se que pacientes usem escovas de dente com cerdas macias, pastas de dente para dentes sensíveis e evitem bochechos com soluções a base de álcool.
E, claro, vale a mesma recomendação para todas as pessoas: escovem os dentes depois de cada refeição!
Mais uma vez, depende da quimioterapia. Há esquemas que geram mais náuseas e outros que normalmente não causam vômitos. Em geral, junto com os quimioterápicos, pacientes recebem medicações para prevenir náuseas e, por isso, têm pouca náusea nos primeiros 2 -3 dias após a químio. Entre o 4º e 6º dia podem apresentar alguma náusea e, em geral, na semana seguinte à quimioterapia não apresentam mais sintomas.
Atualmente existem medicações eficazes para o controle de náuseas e o oncologista têm varias opções para controlar este sintoma.
Ouvimos muitas histórias de como a dieta é importante para a saúde. Por isso, ouvimos as mais diferentes recomendações de dietas especiais para ajudar no tratamento oncológico. O perigo destas dietas é que, em geral, são muito restritas e, como toda dieta que sai do hábito alimentar comum da pessoa, pode levar à perda de peso. Isso, em um paciente que já está perdendo peso por causa de sua doença, pode ser perigoso.
Infelizmente, não existe nenhuma comida ou vitamina que comprovadamente ajuda a combater o câncer e, portanto, a dieta deve se focar em garantir o aporte nutricional adequado e combater os efeitos de quimioterapia.
Dicas úteis são:
Estudos comprovam que pacientes que fazem atividades leves a moderadas durante a quimioterapia têm menos cansaço e toleram melhor o tratamento. Portanto, pacientes devem, dentro do possível, se exercitar durante o tratamento. Discuta com o seu médico o melhor exercício para você.
Médico oncologista formado pelo MD Anderson Cancer Center e especialista em tumores de pulmão e do trato digestivo, membro do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Conheça mais