A medicina tem avançado muito e cada vez mais pacientes com câncer são curados. Mesmo assim, muitos ainda possuem doenças incuráveis e precisam ficar em tratamento contínuo para manter a doença controlada, da mesma forma que um diabético toma remédios pelo resto da vida. Isso nem sempre é fácil de entender ou aceitar, mas muda um pouco como vemos o tratamento oncológico.
Receber o diagnóstico de um câncer incurável não é fácil e todo paciente tem o direito de ficar triste, com raiva e até desesperado. Fora isso, existe toda a ansiedade de não saber o que está por vir. Quimioterapia, cirurgia e radioterapia parecem realmente um grande desafio, as vezes coisas impossíveis.
A verdade é que, à medida que começa o tratamento, muitas destas dúvidas e medos desaparecem e, o que parecia impossível, fica cada vez mais fácil. Claro, o apoio da família e amigos é importante.
No fundo, todos somos pelo menos um pouco religiosos e um diagnóstico grave nos faz repensar nossa espiritualidade. O lado bom é que não temos que lidar com isso sozinhos. Em todas as crenças e religiões existe uma forma de lidar com a terminalidade da vida porque, afinal, isso faz parte do dia-a-dia. Vale a pena conversar sobre esse assunto com o seu padre, pastor, rabino ou qualquer outro guia espiritual.
A grande mudança é que, a partir do diagnóstico, o paciente terá sempre que passar em consultas médicas e realizar exames. Além da própria rotina alterada, isso leva a gastos com saúde e é importante rediscutir com toda a família as finanças domesticas. De resto, as mudanças podem ser maiores ou menores.
Existem pacientes que realmente estão muito doentes e que, por mais que se recuperem, dificilmente voltarão a ter uma vida normal. Nestes casos, é razoável pensar em uma aposentadoria e outras formas de apoio da família.
Por outro lado, existem pacientes que viverão por anos em tratamento, com quase nenhum sintoma. Neste caso, devem sim seguir com a rotina normal, inclusive com suas atividades profissionais. O médico oncologista é a melhor pessoa para orientar paciente e família sobre este aspecto.
Câncer não é uma doença contagiosa e a quimioterapia não é perigosa para as pessoas à sua volta. Por isso, na maioria das vezes, os pacientes podem manter o contato com esposos/esposas, filhos, amigos e colegas de trabalho normalmente. Inclusive, é possível manter uma vida sexual ativa, desde que se utilize preservativos.
Se curar um tumor não é mais possível, temos que mudar o foco do tratamento: viver o maior tempo possível, com a maior qualidade de vida. Isso significa que cabe ao médico utilizar tratamentos menos tóxicos e que permitam que o paciente fique mais tempo fora do hospital. Também significa que é possível interromper o tratamento por algum tempo, se o paciente estiver se sentindo bem, e só reiniciá-lo quando a doença estiver saindo de controle.
Finalmente, significa que, para cada opção de tratamento, o oncologista e o paciente devem considerar, juntos, a probabilidade de um remédio funcionar e a probabilidade de ele levar a uma toxicidade grave. O pior que pode acontecer é o paciente, que já está fragilizado pela doença, piorar mais ainda por causa do tratamento.
Quando amamos alguém, colocamos o bem estar desta pessoa acima do nosso próprio. É comum pacientes oncológicos se preocuparem com os familiares. Algumas dicas importantes são:
Médico oncologista formado pelo MD Anderson Cancer Center e especialista em tumores de pulmão e do trato digestivo, membro do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein.
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